Dez 2022
Entrevista a Rui Teixeira, CFO da EDP

Entrevista a Rui Teixeira, Chief Financial Officer da EDP

 

Na sua opinião, que papel desempenham as finanças sustentáveis na transição para a sustentabilidade?

As finanças sustentáveis representam uma alteração de paradigma. Não são apenas os novos serviços financeiros disponíveis que integram as considerações ESG, mas são fundamentalmente uma forma de financiamento da transição energética para se assegurar o compromisso global de neutralidade carbónica em 2050. Este financiamento tem de ser acompanhado de regulamentações que promovam o desenvolvimento sustentável. Só assim, se conseguirá reorientar os fluxos financeiros para os investimentos e ativos sustentáveis suportados na definição global de uma taxonomia sustentável, restringindo os fluxos para o que não conduz a uma transição justa.

 

Considera que há interesse por parte das empresas e dos investidores em Portugal na temática? Porquê?

A sustentabilidade é um dos tópicos mais falados na esfera internacional e Portugal não é exceção. Existem várias iniciativas em Portugal, incluindo o BCSD Portugal, que procuram apoiar as instituições a melhorar a sua capacidade de identificar e a gerir os riscos ESG e a tornarem-se mais sustentáveis. As empresas estão despertas para a necessidade de integrar a estratégia ESG com a política financeira. Este caminho significará maiores facilidades no seu (re)financiamento e maior reconhecimento pelas instituições do mercado financeiro. A sustentabilidade é uma oportunidade de uma empresa criar valor para os seus diversos stakeholders no longo prazo.

 

O que está a sua empresa a fazer no âmbito das finanças sustentáveis? 

A política financeira da EDP está alinhada com a estratégia de sustentabilidade e tem sido adequada às evoluções regulatórias e recomendações voluntárias. A EDP tem-se comprometido em implementar as recomendações de organismos internacionais de reporte financeiro.

A EDP foi o primeiro emitente português de uma obrigação verde em outubro de 2018. Desde então, já emitiu perto de EUR 9 mil milhões, num total de 12 obrigações verdes. Estas emissões estão enquadradas no nosso Green Framework que está alinhado com a taxonomia EU e com as melhores práticas de mercado. Recentemente, a EDP assinou o seu primeiro empréstimo indexado a indicadores ESG.

 

Considera que existem barreiras a ser superadas para promover a evolução dos investimentos sustentáveis? Se sim, quais?

As barreiras atuais decorrem de um sistema financeiro global que ainda não se suporta nos fatores ESG como norma. O reporte é voluntário, e o standard utilizado não é universal, e a informação pública é pouco comparável e nem sempre verificada.

Isto pressupõe uma nova forma de operar para se caminhar em torno da transição energética. Será necessária uma maior articulação internacional para harmonizar conceitos e metodologias e uma maior exigência e transparência ao nível do reporte e da informação ESG no setor privado. Desta forma, será permitido aos investidores, consumidores e outros stakeholders tomarem decisões mais informadas.

 

Que ações e iniciativas no âmbito das finanças sustentáveis prevê a sua empresa realizar nos próximos 5-10 anos?

A EDP definiu para 2025 o objetivo de ter 50% da sua estrutura financeira proveniente de fontes sustentáveis. Desde 2018 que estas fontes têm aumentado o seu peso e, a junho de 2022, situava-se nos 41%. A EDP irá continuar a emitir obrigações verdes e a analisar outros instrumentos financeiros sustentáveis.

A EDP pretende continuar a ser proativa no acompanhamento das melhores práticas de mercado e na antecipação da regulação (financiamento verde; taxonomia do clima, ambiental e social; reporte internacional e europeu ESG), num claro compromisso com a trajetória da descarbonização. Este caminho será feito através de colaborações e parcerias.

 

A EDP é uma das empresas patrocinadoras do site sustainablefinance.pt